sábado, 14 de março de 2009

Invariantes Comunicacionais

O mundo é formado por indivíduos. Cada ser humano é um indivíduo, cada um tem suas particularidades, sua história de vida, infinitas experiências que influenciam sua forma de pensar, de agir.

Vendo os homens por essa maneira, para compreender o que acontece em uma sociedade teriamos que estudar cada indivíduo um a um, bem como suas relações, numa teia complexa de relações de causa e efeito, complexa de tal forma que seria impossível compreender algo.

Porém um teórico chamado Durkheim, ao qual muitos estudantes de comunicação foram apresentados no primeiro ano, e muitos desses estudantes passaram a odiar ai, descobriu a muito tempo que o estudo da sociedade é possível, e que os indivíduos não são tão individuais assim.

Uma das maiores descobertas de Durkheim (pelo menos a meu ver), é a teoria do Fato Social. Sim, o fato social que você, colega estudante aprendeu a decorar e odiar. Para os eventuais engenheiros ou matemáticos que venham a ler esse blog, vou a grosso modo e ferindo todas as teorias de comunicação associar grosseiramente o fato social ao conceito de invariante. Na sociedade há algo que não varia. Ou varia pouco, e sempre de acordo com a sociedade. Se a média de nascimentos em uma dada população é x num determinado ano, muito provavelmente ano que vem a média vai ser próxima de x, a não ser que algo muito grave afete A SOCIEDADE INTEIRA. Dessa maneira, ao invés de questionarmos todas as mulheres em idade fértil para saber quantas crianças nascerão, basta acreditar no fato social e acompanhar a média.

Só para lembrar, o nosso querido Durkheim explora isso de forma muito mais mórbida, analisando o suicídio. A grosso modo (espero que quem curta Durkheim me perdoe pela simplificação), ele pegou uma dada população, analisou a taxa de suicídios, e viu que ela variava muito pouco com o tempo, a não ser que acontecesse algo significativo e que afetasse TODA A POPULAÇÃO.

(Eu sei que Durkheim estudou muito mais que isso, mas só tô escrevendo o que interessa à matéria, sejamos práticos né).

Agora, o que eu tenho a ver com isso?

Bom, você eu não sei, mas como eu trabalho com Marketing, tenho que analisar pesquisas, comportamento de consumidores, etc.

E sempre que houver alguma alteração drástica em um gráfico que corresponda ao comportamento de consumo de uma grande população, eu sei que houve algo que afetou a população inteira. Da mesma forma, eu sei que quando houver algo que afete uma dada população inteira (tipo, uma crise financeira, que virou crise de emprego, etc), eu sei que ela vai afetar gráficos como o meu comportamento de consumo (Queda no consumo de bens superfulos, etc). E se eu refinar meus estudos, vou conseguir identificar a parcela da minha população que foi mais atingida, como foi, por que foi mais influenciada, etc, etc, etc.

Tá, já sabia analisar gráficos, o que ganhei lendo essa matéria?

1 - Ficou mais culto. Quando te perguntarem porque vc fez certa análise, ao invés de ficar perdido, e falar que a tia Maricota te ensinou lá na faculdade, fala do fato social e do Durkheim.

2 - Ficou mais capacitado. Quando surgir um problema mais complexo na sua pesquisa, ao invés de ir pesquisar na capricho ou na Você S.A., vai no Google Scholar e procura coisas relacionadas a Durkheim, fato social, pesquisa em marketing, etc.

3 - Diminuiu a sua frustração por ter assistido aquelas aulas de Sociologia. Apesar de ter coisa muito melhor que vc poderia estar fazendo no horário, não foram de todo inúteis.

Isso sem contar na sutil relação entre o conceito de invariante (matemática) extendido de maneira tosca, mas a meu ver eficiente, para o conceito de fato social. No final das contas, o que a gente faz é isso... Vai isolando as variáveis, procurando entender o fator invariante (Alterando aqui, o gráfico vai pra cá, alterando ali, o gráfico vai pra lá), e identificando como ele responde a estimulos... ou como o fato social se altera de acordo com os estimulos recebidos pela população.

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