sábado, 14 de março de 2009

Design (tem algoritmo??)

Design

Ontem tive minha primeira aula de design. Achei muito legal, em especial por ver que design, criação, etc, não são coisas tão largadas como se pinta por ai.

O cara não cria livremente o que quer, ou foi iluminado e como um oráculo cospe as coisas mais criativas e inovadoras possíveis... Não... Design compreende projeto, método... é, aqui também existem as velhas e eficientes coisas aprendidas na Poli, hehehe. (Tá, não do mesmo jeito, mas que tem projeto, tem).

Há duas palavras em lingua portuguesa que tem a ver com design. Desenho, e designio. Ambas tem muito a ver mesmo, pois no design você desenha algo pra atingir a um objetivo. Logo, a idéia do design não é trazer as criações mais malucas da sua mente pra algo surpreendentemente legal qeu só você e talvez a sua mãe entendam.A idéia é você ter algo que consiga comunicar uma idéia (tem função, não foi feito à toa) de forma expressiva (não pode ser chato, tipo lista telefonica). Além dessas restrições, e derivando de uma delas (comunicar), tem algo importante que muita gente esquece: A mensagem tem que ser compreendida. Se ela tem que ser compreendida, tem que falar a lingua de quem tá recebendo ela. Tem que ter a ver com o cotidiano do receptor, com as referencias que ele tem. Claro, tem que ter algo de inovador, pra chamar a atenção, mas não muito, senão fica incompreensível.

A partir daí, você vai brincando com os lados do cerebro do expectador, alternando comunicação racional e expressão, satisfação e sedução, pra atingir o objetivo do seu objeto de design.Muito legal... Você tem Meta, objetivo, restrições, recursos disponíveis (mídia pra onde vc tá fazendo o design), prazo... é um projeto. A base é de um projeto, como o de um navio. Pra desenvolver, você precisa de diversos conhecimentos específicos, referências, teoria,

experiência... mas não é algo perdido, é um projeto.

Estratégia em Comunicação

O que é estratégia?

Todo mundo fala de estratégia, todo gerente se diz estrategista, hoje temos estratégias pra tudo! Pra cada nicho do mercado de livros existe um livro "A Arte da Guerra"... Daqui a pouco vai ter até pros pacifistas!!!
Bom, que eu saiba, a idéia de estratégias vem da administração de recursos na guerra. Tem a ver com a alocação de recursos para atingir a vitória, o objetivo final. A palavra deriva do grego, e está diretamente ligada à idéia de liderança do exercito, dos recursos para se vencer a uma guerra (Stratos(Exercito) + Ago(Liderança) = Strategos). Existem diversos tratados sobre estratégia, de onde destaco os que mais conheço:

Sun Tzu - A Arte da Guerra
Miyamoto Musashi - O Livro dos Cinco Aneis/Elementos
Nicolau Machiavel - A Arte da Guerra

Uma coisa comum que notei nestas obras de estratégia, em especial nas duas primeiras, as orientais, é a necessidade de se conhecer os recursos de que se dispõe para traçar uma boa estratégia. Isso pode até parecer óbvio, e deveria ser, mas nem sempre se pensa nisso na hora de formular uma estratégia.
Pois bem, Sun Tzu fala da necessidade de se conhecer o terreno, conhecer o exercito, enfim, conhecer os atores do teatro de guerra, bem como o próprio cenário. Musashi fala de conhecer o soldado (ou carpinteiro, como ele fala), conhecer as ferramentas, etc. E todos traçam as estratégias a partir daí. Conhcendo os recursos, eles os alocam.

Modernamente, existem teóricos que se dedicaram ao estudo da estratégia comercial. Grande parte deles se dedicou a estudar a competição entre indústrias, e ouso dizer que muitos as compararam a partir de um modelo de linha de produção, um modelo Fordista. Eles comparam a capacidade de produção da indústria e seus concorrentes, comparam diferenciais da indústria e de seus concorrentes.... mas muitas vezes a meu ver, esquecem de um detalhe: Do consumidor. É como o general que contraria Sun Tzu e ignora o terreno onde vai lutar. Talvez pensando em análise de competição contra outra empresa, isso seja viável e justificável, porém caso ocorra algum imprevisto (tipo uma crise mundial???) as duas empresas vão pro buraco. Mas enfim, não é sobre a eficiencia de modelos consagrados que vim falar aqui.

Vim falar de comunicação (Algoritmo COMUNICACIONAL o nome do blog, né?). Pois bem, comunicação, publicidade, propaganda... comunicação... Dependem de um emissor, um receptor, e um código de envio.... do operador de telégrafo ao Saussure (http://pt.wikipedia.org/wiki/Ferdinand_de_Saussure), todo mundo sabe que esses elementos são importantes. Então, se a comunicação se apoia nisso, ao traçar uma estratégia pra comunicação, vc deve pensar nisso. É isso que sustenta a comunicação!!! Não adianta pegar um diagrama, um gráfico ou uma vaca leiteira pra analisar um problema de comunicação se você não entendeu o problema. Voce tem que entender a base do problema, entender os recursos que você tem pra resolver e entender profundamente (no bom sentido) a vaca leiteira, o diagrama ou seja lá o modelo que você for usar pra tentar resolver o problema. Entender tão profundamente que você consiga avaliar se ele serve ou não, adaptá-lo, ou ainda construir um novo modelo se necessário!!!

Chega de receita de bolo, acho que já passou da hora de se pensar em estratégia de marketing e comunicação como estratégia de marketing de comunicação. Chega de estratégia de produção de Ford T aplicada ao mercado publicitário. Os Fords T´s tão em museus, que é pra onde todo tipo de gambiarra teórica deveria ir.(bem ou mal, fazem parte da nossa história).

Invariantes Comunicacionais

O mundo é formado por indivíduos. Cada ser humano é um indivíduo, cada um tem suas particularidades, sua história de vida, infinitas experiências que influenciam sua forma de pensar, de agir.

Vendo os homens por essa maneira, para compreender o que acontece em uma sociedade teriamos que estudar cada indivíduo um a um, bem como suas relações, numa teia complexa de relações de causa e efeito, complexa de tal forma que seria impossível compreender algo.

Porém um teórico chamado Durkheim, ao qual muitos estudantes de comunicação foram apresentados no primeiro ano, e muitos desses estudantes passaram a odiar ai, descobriu a muito tempo que o estudo da sociedade é possível, e que os indivíduos não são tão individuais assim.

Uma das maiores descobertas de Durkheim (pelo menos a meu ver), é a teoria do Fato Social. Sim, o fato social que você, colega estudante aprendeu a decorar e odiar. Para os eventuais engenheiros ou matemáticos que venham a ler esse blog, vou a grosso modo e ferindo todas as teorias de comunicação associar grosseiramente o fato social ao conceito de invariante. Na sociedade há algo que não varia. Ou varia pouco, e sempre de acordo com a sociedade. Se a média de nascimentos em uma dada população é x num determinado ano, muito provavelmente ano que vem a média vai ser próxima de x, a não ser que algo muito grave afete A SOCIEDADE INTEIRA. Dessa maneira, ao invés de questionarmos todas as mulheres em idade fértil para saber quantas crianças nascerão, basta acreditar no fato social e acompanhar a média.

Só para lembrar, o nosso querido Durkheim explora isso de forma muito mais mórbida, analisando o suicídio. A grosso modo (espero que quem curta Durkheim me perdoe pela simplificação), ele pegou uma dada população, analisou a taxa de suicídios, e viu que ela variava muito pouco com o tempo, a não ser que acontecesse algo significativo e que afetasse TODA A POPULAÇÃO.

(Eu sei que Durkheim estudou muito mais que isso, mas só tô escrevendo o que interessa à matéria, sejamos práticos né).

Agora, o que eu tenho a ver com isso?

Bom, você eu não sei, mas como eu trabalho com Marketing, tenho que analisar pesquisas, comportamento de consumidores, etc.

E sempre que houver alguma alteração drástica em um gráfico que corresponda ao comportamento de consumo de uma grande população, eu sei que houve algo que afetou a população inteira. Da mesma forma, eu sei que quando houver algo que afete uma dada população inteira (tipo, uma crise financeira, que virou crise de emprego, etc), eu sei que ela vai afetar gráficos como o meu comportamento de consumo (Queda no consumo de bens superfulos, etc). E se eu refinar meus estudos, vou conseguir identificar a parcela da minha população que foi mais atingida, como foi, por que foi mais influenciada, etc, etc, etc.

Tá, já sabia analisar gráficos, o que ganhei lendo essa matéria?

1 - Ficou mais culto. Quando te perguntarem porque vc fez certa análise, ao invés de ficar perdido, e falar que a tia Maricota te ensinou lá na faculdade, fala do fato social e do Durkheim.

2 - Ficou mais capacitado. Quando surgir um problema mais complexo na sua pesquisa, ao invés de ir pesquisar na capricho ou na Você S.A., vai no Google Scholar e procura coisas relacionadas a Durkheim, fato social, pesquisa em marketing, etc.

3 - Diminuiu a sua frustração por ter assistido aquelas aulas de Sociologia. Apesar de ter coisa muito melhor que vc poderia estar fazendo no horário, não foram de todo inúteis.

Isso sem contar na sutil relação entre o conceito de invariante (matemática) extendido de maneira tosca, mas a meu ver eficiente, para o conceito de fato social. No final das contas, o que a gente faz é isso... Vai isolando as variáveis, procurando entender o fator invariante (Alterando aqui, o gráfico vai pra cá, alterando ali, o gráfico vai pra lá), e identificando como ele responde a estimulos... ou como o fato social se altera de acordo com os estimulos recebidos pela população.